Ela diz que foi um dia lindo, cheio de flores, de um sol perfeito.
Ele diz que o ar estava cheio de cheiros, e o verde da floresta estava maravilhoso.
Ela havia passado a noite no laboratório do pai, estudando novas poções, e saiu logo cedo para apanhar ervas frescas. Vestia um vestido longo, de um azul profundo, q contrastava lindamente com sua pele e seus cabelos claros. Se armou com uma cesta, para apanhar as ervas e saiu. Caminhou por um longo tempo entre as arvores, colhendo aqui e ali o que precisava. Mas a floresta estava tomada de flores, e algum tempo depois, em uma pequena clareira, e já com a cesta cheia delas, sentou-se, e começou a trançá-las em forma de coroa, para ofertar a Deusa.
Ele passou a noite com a matilha. Caçaram alguns vampiros que apareceram no território, e Ares estava com o ego lá em cima, por ter conseguido eliminar mais alguns malditos da face de Gaya. Voltou ao alvorecer, junto com os outros, e, ao invés de ir descansar, voltou a forma humana, tomou um banho, e disse q ia dar umas voltas na floresta, aspirar ar puro ver a beleza de Gaya em seu resplendor natural. Vestiu um jeans, e jogou a camisa sobre os ombros, e saiu sem rumo, apenas apreciando o ar puro da floresta, buscando revigorar suas forças nesse contato. Algum tempo depois, apanhou uma maçã fresca, recostou-se a uma arvore, e começou a comê-la com gosto. Foi quando um cheiro sutil, mas bem conhecido, invadiu suas narinas. “Vampiro”. Sua mente apontou logo a ideia, e o ódio pela raça maldita invadiu todos os seus sentidos. Imediatamente, ele se tornou aquilo que realmente era: um caçador. Saiu pela mata, seguindo o rastro do cheiro nojento, mantendo-se oculto entre a vegetação, esperando pegar o ser nojento desprevenido. Mas algo parecia estar errado. Como poderia haver um vampiro ali, no meio da manhã? Possivelmente, algum maldito se abrigara no local, e estaria em seu transe diurno, escondido na vegetação, se achando a salvo. Ares salivava, imaginando se mataria o vampiro ainda dormindo, ou se o levaria para despertar em meio a matilha. Sorriu consigo mesmo, pensando no quanto seria divertido ver a cara de susto do ser nojento..
Esgueirou-se por entre as arvores, sem fazer barulho..parecia que a coisa estava por perto. Mas o que ele não entendia, é que o cheiro parecia vir de uma área bem mais aberta a sua frente. Ares buscou um tronco mais grosso onde se ocultar, e tentou ver a criatura. E o que viu foi uma mulher, ali sentada, de costas pra ele…cabelos loiros que brilhavam ao sol. Parecia concentrada em algo. O garou franziu a sobrancelha. Algo ali não parecia se encaixar. Como essa mulher podia estar sentada, em atividade no meio da manha, se cheirava como um maldito? Definitivamente estava errado. Decidiu verificar de perto. Afinal, era apenas uma mulher, e seja lá o que fosse, ele estava preparado para enfrentá-la. Ajeitou a camisa no ombro, e saiu da mata em direção a mulher.
– Bom dia.
Disse, enquanto se aproximava. Ela virou, assustada, se maldizendo por estar tao distraída que não percebeu que mais alguém estava próximo. Ficou de pé com um pulo, derrubando todas as flores no chão, e a primeira coisa que notou foi o quanto ele era mais alto que ela. E logo em seguida, teve certeza do ‘que’ ele era. Procurou com os olhos uma possível rota de fuga, enquanto forçava um meio sorriso, e respondia.
– Bom dia, senhor.
Syn sabia que não havia muito a fazer. Tinha certeza que ele era um garou, e sabia bem que os da raça dele não pensavam duas vezes em estraçalhar os que eram como ela. Tinha magias e velocidade de sobra para escapar, mas o diabo do bicho a pegara desprevenida. Fitou os olhos dele, e só então percebeu o quanto ele era bonito.
O garou teve q engolir o susto, quando ela ficou de pé rapidamente a sua frente. A primeira coisa que viu foram os olhos…azuis. Dava até vontade de se afogar neles. Nos milésimos de segundo q ela levou pra ficar de pé e responder, ele percorreu todo o seu corpo com o olhar. Parecia tao frágil…e tão linda. Quando fitou novamente seus olhos, teve vontade de rir. Eles pareciam dizer com todas as palavras que ela estava com raiva, e acuada, ao mesmo tempo. Aquilo pra ele era diversão pura. E quem ia negar a ele o direito de se divertir com uma caça tão…..bela? Abriu um dos seus sorrisos encantadores.
Desculpe, não queria atrapalhar. – ele disse apontando para a coroa de flores largada no chão. – Posso?
Perguntou, já sentando, ao lado de onde ela estava sentada antes. Ela olhou aquilo, ergueu uma sobrancelha, num gesto tipico seu, pensando no que poderia querer aquele garou. Sabia que alguns garou tinham amizade pelos magos, mas não tinha ilusão de q ele não soubesse que ela era uma vampira. E os garou não são conhecidos por terem amizade com vampiros. A não ser que….a ideia que passou pela sua cabeça a fez querer gargalhar. Bem, se esse garou desejar tal coisa, vai aprender uma lição…Sentou ao lado dele, sorrindo, com os olhos brilhando de novo. Tudo que ela mais gostava era um desafio. E um garou metido a conquistador seria um desafio no minimo, divertido. Tomou as flores e voltou a trançar a coroa, ja se sentindo completamente calma, enquanto sua mente fervilhava, se pondo em prontidão para um possível ataque da parte dele. Mas o que ela suspeitava ia tomando forma, enquanto o garou perguntava do clima, fazia elogios as flores, tão descaradamente galanteador que ela tinha que segurar o riso. E assim passou um bom tempo, os dois lado a lado, sentados em meio a bela clareira, iluminados por um sol radiante… Ele, tentando jogar iscas para adicionar a vampira em sua conuista amorosa, ela se esquivando e achando graça secretamente.
Já em casa, Ares não conseguia encontrar uma desculpa convincente para si mesmo, do por que a tinha deixado ir intacta pra casa.
Ela não conseguia parar de sorrir, lembrando das tentativas frustradas dele em conquista-la.
Ambos pensavam em retornar a floresta no dia seguinte.
Afinal, quem sabe???
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Syn é uma personagem de RPG ( vc não sabe o que é? então clica aqui, e descubra). Ela passeia por varios universos do role playing, especialmente WoD, sendo, portanto, pura ficção.
Por alguns anos, joguei com ela, e uma campanha em particular marcou muito: quando ela se envolveu com o garou Ares. A historia ganhou um espaço consideravel em minha imaginaçao, ao ponto de que eu extrapolasse as fronteiras do RPG, e fosse bem além.
Aprendi muito com o RPG, mas sempre vale o lembrete do pessoal do Page of Mirrors:
RPG é um jogo. Como tal, ele não requer apenas imaginação, mas também bom senso. O bom senso diz que as palavras de um jogo imaginário não são reais. O bom senso diz que as pessoas não devem tentar realizar “feitiços mágicos” baseadas em uma criação totalmente derivada da imaginação de outra pessoa. O bom senso diz que você não deve tentar desvendar agentes do sobrenatural com inspiração em uma obra completamente fictícia. O bom senso diz que jogos são apenas para se divertir e quando eles acabam, é hora de colocá-los de lado.
Se você perceber que está distante do bom senso, desligue seu computador, afaste-se calmamente e procure ajuda profissional.
Para o restante de vocês, aproveitem as irrestritas possibilidades de sua imaginação.